Jotabasso Entrevista: “Adoção de tecnologia adequada é a chave para produção sustentável”

Eduardo Riedel já figurou por três vezes entre as 100 maiores personalidades do agronegócio brasileiro

Ele é secretário de estado de Governo e Gestão Estratégica de Mato Grosso do Sul. Biólogo, Eduardo Riedel, tem bacharelado em Genética, MBA em Gestão Empresarial e mestrado em Zootecnia. Ex-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), ele também é sócio proprietário da fazenda Sapé Agro, especializada em genética Brangus e referência em sustentabilidade ambiental e econômica.

Em 2017, a Sapé Agro foi ouro na categoria “fazenda sustentável” do prêmio As Melhores da Dinheiro Rural. A propriedade, situada no município de Maracaju (MS), aposta na diversificação da atividade e ganhou destaque devido à eficiência na gestão atrelada à sustentabilidade. Em 2016, o faturamento anual do negócio foi de R$ 24 milhões.

Para falar sobre o potencial produtivo de Mato Grosso do Sul e ainda dar dicas para uma produção sustentável e rentável, Eduardo Riedel concedeu entrevista a Sementes Jotabasso. Confira abaixo o conteúdo na íntegra.

JB – Mato Grosso do Sul é um dos principais estados produtores de grãos do Brasil. Há espaço para mais crescimento? Qual o potencial produtivo de MS?

Estamos atraindo grandes empresas que descobriram o potencial da nossa região. Temos infraestrutura, competitividade e modernas leis de incentivo para a instalação de novos negócios. Em 24 meses, captamos cerca de R$ 41 bilhões em investimentos do setor privado, nas áreas de celulose, construção, frigoríficos, processamento de milho, processamento de soja, óleo de soja, MDF, biodiesel e reciclagem. Estamos entre os maiores produtores de grãos do Brasil. Somos o 5º Estado agrícola do país. Em quatro anos – de 2014 a 2018 – a produção total de soja em Mato Grosso do Sul cresceu quase 48%. Mato Grosso do Sul também se destaca na produção de cana-de-açúcar, com mais de 42 milhões de toneladas/ano. Há excelentes expectativas no Programa Terra Boa, que pretende incorporar dois milhões de hectares de terras degradadas ao sistema produtivo da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Além disso, o programa Precoce MS foi reformulado para buscar a excelência na produção de carne e o incentivo à sustentabilidade ambiental. E ainda o Programa Carne Sustentável do Pantanal prevê o abate de 30 mil cabeças ao ano certificadas pelo sistema orgânico e ou sustentável. O Estado também desponta como o maior polo mundial de celulose. O produto sul-mato-grossense é vendido para 43 países.

JB – Como é a relação do produtor sul-mato-grossense com a preservação dos recursos naturais dentro das propriedades? Mato Grosso do Sul tem feito o “dever de casa”?

Um completo zoneamento ecológico econômico orienta o desenvolvimento sustentável do Estado. Estimulamos sistemas sustentáveis de produção na agropecuária e aumentamos a produção de energia renovável a partir da biomassa do setor sucroenergético e florestal. Além disso, o maciço florestal de eucalipto desempenha um papel importante em Mato Grosso do Sul, pois atende indústrias de papel e celulose. Temos ainda a produção de MDF, com excedente capaz de produzir energia – por meio das unidades termelétricas – com potencial para suprir até 59% do total de energia gerada no Estado. Isso equivale a mais de 1.2 bilhões de KW. Em relação a preservação dos recursos naturais dentro das propriedades, temos dados de que 31% do Estado são de áreas preservadas.

JB – Em sua experiência como produtor rural, quais estratégias e caminhos adotados na gestão trouxeram ganhos ambientais e econômicos? Compartilhe conosco algumas dicas.

A estratégia sempre foi manter uma postura responsável em relação ao meio ambiente, porque isso traz ganhos efetivos para o negócio. Hoje, dentro do nosso empreendimento, temos capacidade de produzir e realizar atividades com o menor impacto ambiental possível, por meio do mínimo consumo de recursos naturais e a mínima geração de resíduos e subprodutos para o meio ambiente. A dica mais eficiente é que a adoção de tecnologia adequada é a chave para a produção sustentável.

JB – Hoje, quais os maiores desafios de Mato Grosso do Sul para o avanço do agronegócio e fortalecimento da imagem do produtor rural perante à sociedade?

Existem grandes desafios. O primeiro deles, é saber identificar as dificuldades de cada segmento do agronegócio. Outro problema é a dificuldade com a logística e a falta infraestrutura. A capacidade de armazenamento dos produtos deve ser considerada. Hoje temos um déficit na armazenagem de grãos. A falta de comunicação no campo também é uma área a ser melhorada, ainda mais com o avanço no uso da internet. O excesso de burocracia também dificulta o agronegócio. Por isso, buscamos ações que facilitem os processos e destravem os procedimentos. Sobre a imagem do produtor rural, acredito que, em um mundo coberto pelo excesso de informação sobre a agricultura, o grande desafio é captar dados e produzir tecnologia com resultado e fazer com que tudo isso favoreça o trabalho e mostre a verdadeira imagem do produtor.

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